A Polícia Federal em Goiás abriu inquérito para investigar irregularidades nas licitações das obras e compras de brinquedos do Parque Mutirama. O pedido foi feito pelo procurador da República, Marcelo Santiago Wolff, do Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal no Estado (MPF-GO).

Segundo a assessoria de imprensa do MPF, o pedido já vinha sendo analisado pela PF, pois o procurador fez a solicitação pouco tempo depois do lançamento das obras de revitalização do parque. Após as denúncias veiculadas ontem em O POPULAR, a PF decidiu acatar o pedido e entrar no caso definitivamente.

No fim da tarde de ontem, os delegados da PF se reuniram para definir a divisão de tarefas e designar o delegado que comandará os trabalhos investigativos. A assessoria de imprensa da PF informou que na segunda-feira os nomes dos integrantes do inquérito devem ser divulgados.

O MPF informou que também vai retomar os trabalhos de averiguação dos processos licitatórios do parque, tanto da contratação da empresa vencedora do certame para a construção do parque, a Warre Engenharia, quanto da Astri, que está fornecendo brinquedos e reformando os que permanecerão no Mutirama, por um total de R$ 29,93 milhões. Os valores que a Prefeitura está pagando à empresa pela aquisição dos brinquedos, alguns deles já usados, podem estar superfaturados. Marcelo decidiu não falar com a reportagem, por enquanto, para não atrapalhar o início das investigações, informou a assessoria.

Em 25 de abril deste ano, ele se reuniu com o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e o aconselhou a não lançar a obra do parque.

Na oportunidade, o procurador apresentou ao petista estudos técnicos feitos pelo MPF que apontavam irregularidades no projeto de construção do Mutirama e na licitação de contratação da Warre Engenharia. No dia seguinte, Paulo lançou as obras, ignorando o conselho do procurador. O empenho começou, efetivamente, apenas em junho.

Logo depois do lançamento, Marcelo entrou com ação civil pública na Justiça Federal, barrando a execução do projeto, mas o pedido foi indeferido e o empenho liberado.

Depois disso, o MPF recorrei ao Tribunal Regional Federal, mas ainda aguarda posicionamento.

Para a revitalização do Mutirama, a Prefeitura firmou três convênios com o Ministério do Turismo, um de R$ 20 milhões, o segundo de R$ 15 milhões, e o terceiro de R$ 25 milhões, totalizando R$ 60 milhões. O restante dos recursos, R$ 20 milhões, é contrapartida da administração municipal.

Em setembro do ano passado, a licitação para a construção do parque, que aumentará sua área dos atuais 80 mil metros quadrados para 485 mil, seis vezes mais, foi cancelada, porque apenas uma empresa participou do certame. Mas Paulo Garcia voltou atrás apenas dias depois, quando recebeu correspondência do Ministério do Turismo, que indagava a continuidade da obra. Se fosse interrompida, a Prefeitura deixaria de receber a verba referente à primeira etapa do projeto, avaliada em R$ 56 milhões.

Respaldado pela assessoria jurídica do município, o prefeito decidiu dar andamento ao processo licitatório.

Nas denúncias veiculadas ontem, o vereador Elias Vaz (Psol) denuncia que a compra da montanha-russa Super Jet, que entrou em atividade no PlayCenter, parque de São Paulo, em 1973, tem preço elevado: R$ 2,669 milhões.

Em entrevista ao POPULAR, o secretário municipal de Esporte e Lazer, Luiz Carlos Orro, afirmou que a Prefeitura comprou o brinquedo de menor valor, e que não existe fábrica desse tipo no Brasil. "No mercado internacional, uma nova custa 6 milhões de euros. Mas o valor dobra para trazer ao Brasil, devido a transportes, seguro e impostos", justificou.

Ele explicou que o edital permite que a empresa forneça brinquedos novos ou usados, dependendo disponibilidade.
Fonte: o popular
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